"A POESIA É UMA TENTATIVA DE SE DEFINIR O MUNDO, AS COISAS E OS OBJETOS QUE NOS CERCAM, BEM COMO O SER HUMANO..."

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Energia
a Arnaldo Antunes

Todo reencontro
É o primeiro encontro.
Revê-la várias vezes
É como se fosse a única.
Estar ao seu lado
É tê-la naquele momento.
Toda troca de olhares
Esconde segredos. 
Um toque, um carícia
Revela desejos.
O medo do silêncio
Impõe o diálogo.
E a súbita aproximação
gera o abraço.


Jorge Barrozo

In: 100 Poemas, 100 Poetas; pág. 33, Editora Literacidade, Belém -PA; 2013.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

CIDADEZINHA QUALQUER


Salve, Bicas!!
De exploradores e explorados
De um passado glorioso
Que foi sendo apagado
A medida que a riqueza de uns poucos
Ia se formando.
Sua história...
Encontra-se perdida na memória
Das poucas, raras imagens, que encontramos.
E invejamos o progresso de outrora
Frente a falta de perspectiva do presente
E a incerteza do futuro.
Parafraseando o Poeta
Bicas é uma foto na parede
e a dor que martiriza o corpo
E marca prondundamente a alma
Vem da trIste constatação
De que não mais serás
O que já foste um dia.
E os que amam esta cidadezinha
Diante da impossibilidade
De lutar contra a tirania
Veem-se obrigados a abandoná-la
E assistem, à distância,
Ao fúnebre espetáculo
De sua degradação.

JORGE BARRROZO

terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Excessos Democráticos
Aos moradores de Pinheirinhos SP, injustamente expulso de seus lares


Não há excessos
Quando se faz cumprir a lei
Ainda que usando a força
E fazendo valer a violência.


Não há excessos
Quando o interesse privado
Sobrepõe -se ao coletivo
E o povo é tratado como bandido


Não há excessos
Quando os direitos são desrespeitados
Famílias são humilhadas
E enxotadas para a rua.


Não há excessos
Quando as notícias são manipuladas
A mídia oficial é omissa e covarde
Transformando vítimas em vilôes.


Não há excessos
Quando se busca restabelecer a ordem
Para uma burguesia hipócrita
Alienada de toda a situação.


Enfim,
Não há excessos,
E, sim, "democracia"
E para sua manutenção
São permitidos
alguns excessos democráticos.


JORGE BARROZO

domingo, 15 de janeiro de 2012


DEJÁ - VU

Esperança...
Reencontrá-la um dia
E viver
Não os sonhos
Que há muito alimento
E, sim,
A realidade do momento.
Sem idealizações,
Sem melodramas
E sem Amor.
Simplesmente
Estar ao seu lado
E viver esse instante
Que não se repete.
Quem sabe bebamos
ou talvez dancemos
E terminemos a noite
Nos braços um do outro.
E ao amanhecer
Nos reconheçamos
Diferentes
Tomados de um sentimento
Estranho.
E troquemos as roupas
E os últimos olhares.
E no silêncio
Que antecede a aurora
Outra vez
Nos separemos.

Jorge Barrozo

sábado, 14 de janeiro de 2012


Recomeço

Chega uma idade
Uma fase da vida
Em que o tempo parece estacionar
Embora as suas marcas se façam
Tão sofridamente sentidas.
É quando olhamos para trás
E nos damos conta do que perdemos
Amigos, familiares e amores.
Momentos que já se apagaram da memória
E a juventude com suas benesses, agora distante.
E evitamos olhar para o futuro
Com medo da falta de perspectiva que se apresenta.
Mal, muito mal, vivemos o presente
Esperando, dia após dia, o instante da partida.
E, aos poucos, nos desapegamos de tudo
E silenciosamente nos despedimos dos outros
E partimos, um dia, para um novo começo.
Um recomeço

Jorge Barrozo